DIA DO ÍNDIO

‘Uma peninha na mão e muitas ideias na cabeça’

 “Por causa do Dia do índio, do índio por ele mesmo e do meio ambiente, tomei a pena da autora e decidi, eu mesmo, Guga Niquim, escrever uma mensagem sobre o que se comemora no dia 19 de abril.

Para quem não me conhece, sou o personagem principal do livro infanto-juvenil que tem o meu nome, Guga Niquim – o menino-homem-onça, ’editado pela Oficina Raquel. Fui adotado por índios da tribo matis, no Amazonas, quando fugi de casa. Por causa dessa experiência incrível, quero convidar pessoas de todas as idades – crianças, jovens e adultos – a conhecer o universo indígena.

Quase todos sabemos que desde 1500 as várias tribos indígenas vêm sendo dizimadas e acuadas em áreas cada vez menores e também sofrendo toda sorte de desrespeito. Tudo isso virou banal, poucos se importam.

Mas quase nada sabemos quem são realmente os índios, como vivem, como sonham e por que permanecem índios nesse mundo globalizado.

Quem sabe se começarmos a conhecê-los melhor, nem que seja de pouco em pouco, conseguiremos mudar esse jogo – aproveitando que este ano a Copa do Mundo será no Brasil!

Vamos lá, podemos ser criativos.  Ninguém precisa viver uma experiência tão radical como a minha (para conhecer os índios de perto, tive que virar onça), mas professores e escolas podem dedicar mais atenção e energia ao tema durante todo o ano. E os pais também podem ensinar aos seus filhos sobre os povos indígenas, que também têm tanto a nos ensinar.

Pais e professores podem começar contando estórias, pesquisando tribos, lendas, florestas.  Podem incentivar as crianças a escreverem à Presidente da República e a seus ministros (imaginem o Palácio do Planalto recebendo caminhões de cartas, rsrsrs) perguntando o que o Brasil tem feito de fato para garantir justiça aos povos indígenas.  Podem conseguir filmes, podem criar indivíduos-cidadãos socialmente responsáveis.

Minha proposta como filho acolhido por esses indivíduos tão sensacionais é que 19 de abril não seja apenas uma data simbólica. Mas um dia que deve ser multiplicador da consciência coletiva sobre o respeito à dignidade do índio durante todo o ano. Meu desejo é que todos os brasileiros valorizem e comemorem constantemente a influência do índio sobre a nossa história, os nossos hábitos e a nossa cultura. Mais ainda, que tenhamos consciência do que de fato é ser brasileiro.

Se a criação de um dia especial é para homenagear, vamos dar vida, alegria e sentido ao Dia do índio.”

Guga Niquim – Personagem principal do livro ‘Guga Niquim – o menino-homem-onça’, de Marisa Oliveira, editado pela Oficina Raquel


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